Praia local, lixo global. Um copo descartado na Ásia pode chega na costa de América do Sul anos depois, levado por circulação oceânica e parecer intacto mesmo 50 anos depois.
O oceano não tem fronteiras, por isso, o lixo é de responsabilidade global.
Então existem mesmo lixões marinhos?
Sim, as correntes oceânicas também possibilitam a formação de grandes lixões marinhos.
Em áreas onde elas formam grandes giros, o acúmulo de resíduos forma áreas maiores que grandes países. Tanto em nível superficial, onde são facilmente observadas, mas principalmente em subsuperfície e no fundo.
Sabemos o tempo de decomposição no mar?
O tempo de decomposição vai depender da história deste material dentro do oceano, por onde ele passa, que ambientes e profundidades ocupa e a relação deles com organismos marinhos.
Mas é muito importante diferenciar decomposição de degradação. Normalmente, o plástico degrada, e não decompõe, no mar. Isso é, ele só vai quebrando em pedacinhos cada vez menores!
O plástico veio com a funcionalidade de, em sua maioria, ser resistente. Isso é incrível, mas também é um dos seus maiores defeitos. Copos de isopor podem demorar 50 anos para decomposição, latinhas 200 anos, fraldas e garrafas 450 anos e linhas de pesca 600 anos e muitos objetos nem tem estimativa. São várias gerações de seres humanos e outros animais atingidas por um uso impensado nosso aqui e agora.
Não dá pra gente usar uma coisa descartável se ela dura tipo pra sempre! Não faz sentido, é um erro de desing.
Ah, mas e a economia sem o plástico?
Nem fale em economia, porque precisamos lembrar que o plástico vem do petróleo. E olha, é um NEGOCIÃO para a indústria do óleo e gás. A gente recomenda fortemente a série do netflix Desserviço ao Consumidor, ep. 4: A farsa da Reciclagem. Essa docuséries mostra bem demaaais a política e economia existente por trás do plástico.
Texto por: Izabela Bonaccorsi Freire, Oceanógrafa